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A ÁGUA DA MINHA VIDA



aflora às minhas mãos

límpida

em torno de si se agita

e retorna circularmente a seu mundo


assim tem passado a água pela minha vida

de cano a cano

de profundo a profundo


por um momento brilha

como se rios e lagos borrifassem em mim

um choque frio

de estampar em meu rosto

o hálito imenso de algum oceano


e eu então respiro fundo

e distendo meu peito

à nova imensidão do meu ânimo


e minhas mãos me despertam em meu rosto

velando em mim este meu retrato líquido


de repente

assim me tem assustado a vida

me deixa molhado

de água

de mares

de mundos


reflete a luz

e me escorre por entre os dedos

e vai desaguar

servida


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