top of page

LABIRINTO


ia escrever uns versos sobre o labirinto

mas me dispersei na imensidão dos campos

que rodeiam o labirinto


depois mergulhei minha atenção

no fato dos abismos terem fundo

mas não cheguei até lá

porque sobrevoei minha atenção nas imensas montanhas

que rodeiam os abismos


depois o casaco do meu pai pendia na cadeira de balanço

e divaguei longamente com meu pai e a cadeira de balanço

para a seguir

calar longamente sobre ondas, ilhas, sobrenomes, famílias,

continentes inteiros nas horas que passaram

aparentemente sem registro


mais à tarde meu filho reparou pela primeira vez

em uns fios brancos na minha barba multicor


e a noite chegou

e ainda estou eu

aqui

a estourar de silêncio

no labirinto de estórias

dos poemas que não escrevi

2 comentários


LUIZ SAMPAIO ZACCHI
LUIZ SAMPAIO ZACCHI
21 de dez. de 2019

Minha querida escritora, que bom receber suas palavras de aprovação e carinho! Sentir que toquei sua sensibilidade me fortalece, me dá luz para me orientar no labirinto!

Curtir

Sylvia Loeb
Sylvia Loeb
23 de out. de 2019

Labirinto, lindíssimo poema Luiz. O olhar que vaga, junto com a memória e os afetos. Acompanhei você com todos os afetos que seu poema suscitou em mim.

Curtir
bottom of page