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Ímpeto no bar


Cheguei cedo

às minhas cervejas geladas


na mesa em frente

uma mulher de negócios

jovem

sozinha

pasta na cadeira ao lado

cabelos atados

(não interessam o tato e a cor

falo aqui do atados)

olhos distantes quanto o silêncio

calada e bela

bebendo água

aguardava dois homens de negócios


acabam de chegar

caras suadas

gravatas cansadas

pastas pesadas

apertos de mãos

sorriem armados

tomam seus postos nas cadeiras em frente

e seguem assim

noite à frente

a cargo da sua alçada


Eu

detrás do biombo

indefectível


que separa as gentes

já na minha sei lá

sentida

cerveja

confesso

(imagino)

que o tato é liso

(suave como o amor)

e confesso que a cor é única

de um loiro-ruivo

quase dourado

cor dos olhos que brilham-não-brilham

apagados

sob o sol preso por uma simples presilha


Por que ela não é um ser alado?!

Por que não pode explodir essa ilha

e buscar seus pares no ócio?


Eu

quieto a seu lado

um simples poeta calado

meu carinho

(quase por filha)

grita aos seus cobertos ouvidos


Desperte!

Se arremesse dessa forquilha!

Sinta os seus sete sentidos!


e uma só palavra me brilha

(silente aos seus ouvidos)

Maravilha!

Maravilha!

Maravilha!

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