Ímpeto no bar
- Luiz Sampaio

- 17 de out. de 2019
- 1 min de leitura
Cheguei cedo
às minhas cervejas geladas
na mesa em frente
uma mulher de negócios
jovem
sozinha
pasta na cadeira ao lado
cabelos atados
(não interessam o tato e a cor
falo aqui do atados)
olhos distantes quanto o silêncio
calada e bela
bebendo água
aguardava dois homens de negócios
acabam de chegar
caras suadas
gravatas cansadas
pastas pesadas
apertos de mãos
sorriem armados
tomam seus postos nas cadeiras em frente
e seguem assim
noite à frente
a cargo da sua alçada
Eu
detrás do biombo
indefectível
que separa as gentes
já na minha sei lá
sentida
cerveja
confesso
(imagino)
que o tato é liso
(suave como o amor)
e confesso que a cor é única
de um loiro-ruivo
quase dourado
cor dos olhos que brilham-não-brilham
apagados
sob o sol preso por uma simples presilha
Por que ela não é um ser alado?!
Por que não pode explodir essa ilha
e buscar seus pares no ócio?
Eu
quieto a seu lado
um simples poeta calado
meu carinho
(quase por filha)
grita aos seus cobertos ouvidos
Desperte!
Se arremesse dessa forquilha!
Sinta os seus sete sentidos!
e uma só palavra me brilha
(silente aos seus ouvidos)
Maravilha!
Maravilha!
Maravilha!




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