Os Dias Seguintes
- Luiz Sampaio
- 4 de set. de 2019
- 1 min de leitura
Minha avó vinha do passado num Brasil como o nosso, que esquecia a memória. Minha avó chamava Papai o meu bisavô, naquele tempo em que os condes eram de verdade.
Minha Vó é uma lembrança que já teve carne, vestidos de seda e perfumes, e fazia doces antigos enquanto minha memória brincava e era pura alegria.
Minha Vó era um ninho que me acolhia no cadeirão onde ela reinava, e eu, no seu colo, coração miudinho sorrindo largo, refestelado, sorvia bênçãos de me assegurar.
Um dia minha Vó desapareceu para sempre, no belo dia em que eu fui levado pra brincar com meus primos na casa de alguém, pra deixar em paz os adultos dizendo adeus a Vovó. Hoje estou ficando velho e minha mãe já ficou quase do tempo da minha avó.
Como teria sido o adeus que Vovó sentiu para mim no dia em que eu brincava com meus primos, sozinho, na casa daquele alguém?
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